O dólar à vista tinha leve alta ante o real nas primeiras negociações desta quarta-feira (19), à medida que investidores avaliam os efeitos das novas promessas tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e aguardam a divulgação da ata da reunião de janeiro do Federal Reserve.
Às 9h04, o dólar à vista subia 0,17%, a R$ 5,698 na venda. Já o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,09%, a R$ 5,705.
A sessão desta quarta também será marcada por um leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional do Banco Central para fins de rolagem do vencimento de 1º de abril de 2025.
A leve alta da abertura segue um dia de quedas. Na terça-feira, o dólar fechou em queda de 0,40%, cotado a R$ 5,688. Esse é o menor cotação desde 7 de novembro de 2024, quando encerrou a R$ 5,675. Na mínima da sessão, o dólar chegou a atingir R$ 5,675.
A baixa da moeda dos EUA foi na contramão dos mercados estrangeiros, onde o dólar se valorizava ante boa parte das divisas globais. Na última sexta-feira (14), a moeda havia fechado em R$ 5,696, a mínima dos últimos três meses até então. Em 2025, a divisa dos EUA acumula queda de 7,93%.
Já a Bolsa encerrou com estabilidade, variando 0,01% para baixo, aos 128.531 pontos.
Nas primeiras negociações da sessão, o dólar apresentava leve alta, seguindo a tendência do dia anterior —quando encerrou com alta de 0,26%, a R$ 5,71—, mas inverteu o sinal e passou a cair.
O movimento de queda se intensificou depois de um novo leilão de US$ 3 bilhões do Banco Central, realizado entre 10h30 e 10h35, e notícias sobre o cenário político nacional para 2026, que deixaram o mercado na expectativa por novos rumos econômicos.
Esta foi a terceira vez que o BC realizou uma operação de linha no ano e sob a gestão do novo presidente, Gabriel Galípolo. Em 20 de janeiro, dia da posse do presidente dos EUA, Donald Trump, a autarquia vendeu um total de US$ 2 bilhões em dois leilões de linha. Em 29 de janeiro, a instituição vendeu outros US$ 2 bilhões.
Ainda pela manhã, o Tesouro Nacional anunciou a emissão de títulos em dólares no mercado internacional, com prazo de 10 anos, vencendo em 2035, que arrecadou US$ 2,5 bi e registrou alta demanda.
Entre as notícias acompanhadas pelo mercado, o instituto Paraná Pesquisas divulgou um levantamento contratado pelo PL (Partido Liberal) simulando alguns cenários para as próximas eleições do Executivo Federal, em 2026.
Em um dos cenários, o presidente Lula (PT) empataria tecnicamente com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Em outro, sem Lula e sem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, Tarcísio estaria à frente, com 23,9% de favoritismo.
A pesquisa ouviu presencialmente 2.010 eleitores em 26 estados e no Distrito Federal, entre os dias 13 e 16 de fevereiro. O nível de confiança é de 95%, com uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais para os resultados gerais.
A pesquisa ecoa o último levantamento do Datafolha, que mostrou que a aprovação do governo Lula despencou de 35% para 24% —a pior de todos os seus mandatos. Os resultados foram acompanhados de perto pelo mercado e contribuíram para a queda do dólar na semana passada.
Folha Mercado
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No início da tarde desta terça, uma apuração da Folha revelou que o governador de São Paulo tem dito a aliados que aceitará disputar as próximas eleições para a Presidência se esse for o desejo de Bolsonaro. Oficialmente, Tarcísio nega a possibilidade de concorrer.
“Há uma expectativa em relação ao cenário político futuro. As notícias mais recentes indicam que Lula perdeu força política e está isolado, enquanto outros nomes vêm ganhando relevância para uma possível disputa eleitoral”, afirma Charo Alves, especialista da Valor Investimentos. “Esse movimento estimula o retorno de capital de curto prazo, contribuindo para a queda do dólar.”
Além disso, a jornalista Andreia Sadi, da GloboNews, noticiou em seu blog que, durante reunião no último domingo (16), ministros disseram ao presidente Lula que as medidas que mais desgastaram o governo foram as do Ministério da Fazenda.
O ministro Fernando Haddad, que comanda a pasta, não estava na reunião em razão de uma viagem ao Oriente Médio. Segundo a jornalista, há uma pressão nos bastidores pela saída de Haddad e de alguns dos auxiliares do ministro.
Na ponta internacional, investidores monitoraram as negociações entre Estados Unidos e Rússia na Arábia Saudita pelo fim da Guerra da Ucrânia.
Autoridades norte-americanas e russas se reuniram nesta terça-feira na capital saudita, Riad, para suas primeiras conversas sobre o fim da guerra na Ucrânia, enquanto Kiev e seus aliados europeus ficaram de fora.
O Departamento de Estado dos EUA informou que tanto os americanos quanto os russos concordam em iniciar esforços por paz na Ucrânia e em estabelecer um grupo de trabalho sobre o assunto. Os EUA sugeriram que o fim de sanções que atingem a economia russa estão sendo discutidas.
O conflito na Ucrânia tem influenciado as decisões de investidores nos últimos três anos, principalmente devido a seu impacto em preços de commodities, como grãos e petróleo.
Um fim negociado para o conflito seria bem recebido pelos investidores, que teriam um fator de volatilidade a menos a ser ponderado em suas decisões.
Alem da questão geopolítica, os agentes financeiros continuam atentos aos conflitos comercias gerados pelas novas ameaças tarifárias de Trump. A percepção é de que as tarifas são mais uma tática de negociação do que planos concretos, e abrem espaço para acordos entre os países que estão na mira do presidente americano.
O “tarifaço” tem o potencial inflacionário, ou seja, de encarecer o custo de vida dos norte-americanos, o que pode forçar o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) a manter a taxa de juros em patamares elevados por lá.
Diante das medidas de Trump, o governo brasileiro vê alta de juros por aqui também. Isso porque, se o Fed mantiver a taxa de juros mais alta por mais tempo, o Banco Central do Brasil deve seguir o mesmo caminho a fim de assegurar um diferencial atrativo para investidores na economia brasileira.
Com Reuters