A construtora Rossi anunciou na noite de terça-feira (11) que seu conselho de administração aprovou convocação de assembleia extraordinária de acionistas para votar proposta de abertura de processo de responsabilidade civil contra integrantes da família fundadora da companhia.
A empresa, em recuperação judicial, afirma que houve “uma série de irregularidades, identificadas em investigação interna realizada após a alteração promovida na diretoria da companhia, em outubro de 2024, perpetradas por Fernando Miziara de Mattos Cunha, João Paulo Franco Rossi Cuppoloni e Renata Rossi Cuppoloni Rodrigues que resultaram em prejuízo à companhia“, segundo fato relevante ao mercado.
A Rossi afirmou que as investigações continuam com apoio de empresa especializada, “mas em decorrência da relevância e robustez dos fatos e evidências já identificados e dos prazos prescricionais existentes na Lei das S.A., a administração recomendou pela convocação da assembleia”.
A companhia não deu detalhes no fato relevante da véspera sobre as supostas irregularidades, mas, em comunicado à imprensa nesta quarta-feira, citou 12 “principais” questões incluindo transferência de ativos “sem evidência de pagamento”, “indícios de simulação de contratos” no valor de R$ 4 milhões, contratos “irregulares” com partes relacionadas e ocultação de informações.
Segundo a Rossi, a apuração envolve eventos ocorridos entre 2016 e 2024. As informações constam em proposta detalhada da administração para a convocação da assembleia de acionistas com cerca de 380 páginas.
A Rossi afirmou ainda no comunicado à imprensa que pretende buscar anulação das aprovações de contas da empresa dos anos de 2022 e 2023, “bem como tomar todas as medidas necessárias e convenientes para a preservação dos interesses da companhia e do conjunto de seus acionistas e ‘stakeholders’, incluindo a formalização de denúncia aos órgãos reguladores do mercado e ajuizamento de medida criminal em face dos seus ex-executivos”.
Em comunicado à imprensa citando os irmãos Rossi, o ex-presidente da Rossi Mattos Cunha afirmou que a ação de responsabilidade proposta pelos atuais gestores da construtora “não é resultado de auditoria independente, ou seja, não existe investigação formal”.
Folha Mercado
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Segundo Cunha, a proposta da atual gestão da Rossi “ocorre depois de sucessivas derrotas sofridas na Justiça, nos processos de arbitragem e na CVM, envolvendo disputa societária”. Ele citou que os conselheiros que lideram a proposta foram indicados pelo investidor Silvio Tini, que teve direitos políticos na Rossi suspensos em meados de dezembro após decisão da Câmara de Arbitragem do Mercado.
“Miziara e os irmãos Rossi reiteram o compromisso com as melhores práticas de governança corporativa e jamais cometeram qualquer irregularidade”, afirmou Cunha no comunicado.