Desde que assumiu o cargo, o Presidente Donald Trump mirou em alvos grandes, como a Groenlândia. Mas ele também focou em pequenos, como canudos de papel e, agora, moedas de um centavo (US$ 0,01).
Na noite de domingo (9), Trump disse que havia instruído o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, que parasse de produzir novas moedas de US$ 0,01, como um esforço de reduzir gastos governamentais desnecessários.
“Vamos acabar com o desperdício do orçamento de nossa grande nação, mesmo que seja um centavo de cada vez”, disse ele em uma publicação no Truth Social, afirmando que os centavos “literalmente nos custam mais de US$ 0,02”.
Não está claro se Trump tem o poder de fazer isso. É o Congresso, não o Tesouro ou o Fed (Federal Reserve, o banco central americano), que autoriza a fabricação das moedas do país, segundo a Casa da Moeda dos EUA.
Mas ele está certo de que os centavos custam mais do que valem. Por anos, especialistas e oficiais do governo pediram a eliminação do centavo, cujo poder de compra caiu por causa da inflação enquanto seus custos de produção aumentaram.
Custou US$ 0,036 para produzir e distribuir uma moeda de US$ 0,01 no ano passado, segundo o relatório anual da Casa da Moeda dos EUA. Isso significa que, contabilizando seu valor nominal, cada centavo gerou um prejuízo de US$ 0,026.
Folha Mercado
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No ano passado, a Casa da Moeda emitiu mais de 3 bilhões de moedas de US$ 0,01, segundo relatório anual, com um prejuízo de cerca de US$ 85,3 milhões.
Os centavos, que são frequentemente entregues como troco mas raramente gastos, representaram mais da metade de todas as moedas que a Casa da Moeda produziu naquele ano. No ano passado, havia cerca de 250 bilhões de centavos em circulação, ou cerca de 700 por pessoa, nos Estados Unidos.
Países ao redor do mundo eliminaram suas moedas de menor denominação nas últimas décadas.
Em 2012, o Canadá parou de produzir centavos, descrevendo-os como essencialmente um desperdício de tempo e espaço e argumentando que a medida economizaria milhões de dólares por ano. Desde então, as transações em dinheiro são arredondadas para o níquel mais próximo, após a adição de impostos federais e provinciais.
A Austrália retirou suas moedas de um e dois centavos de circulação em 1992, citando inflação e custos de produção. Ainda mais cedo, países como Suécia e Nova Zelândia pararam de cunhar suas moedas de um centavo.
Na Austrália, a eliminação dessas moedas “não fez diferença alguma”, disse Andrew Stoeckel, professor honorário no Centro de Análise Macroeconômica Aplicada da Universidade Nacional da Austrália.
Nos EUA, dado o pouco uso dos centavos, a medida também provavelmente teria um impacto insignificante na economia, embora o governo provavelmente economizaria algum dinheiro, disse Stoeckel.
O movimento para eliminar os centavos enfrentou oposição significativa. O grupo de defesa Americans for Common Cents argumentou que eliminar os centavos não economizaria dinheiro, porque “muitas despesas gerais na Casa da Moeda permaneceriam e precisariam ser absorvidas por outras moedas, aumentando seus custos unitários”.
Além disso, a eliminação do centavo aumentará a demanda por nickels, que são ainda mais caros para produzir e distribuir a 13,78 centavos por moeda, disse a organização —o dime é a menor moeda cujo valor nominal é maior do que o que custa para produzir.
Os defensores do centavo também argumentaram que eliminar a moeda efetivamente imporia um imposto de vendas de US$ 0,01 aos consumidores, porque os preços que terminam em 99 centavos são muito comuns.
Mas grande parte da resistência pode ter a ver com sentimentalismo, disse Stoeckel.
“As pessoas colocarão em um peso de papel ou algo assim; provavelmente haverá algum acúmulo”, ele disse sobre o centavo. “É apenas uma coisa de lembrança. Não tem significado.”