Você já notou como a busca por retornos extraordinários faz com que muitos investidores abandonem a lógica e corram atrás de promessas tentadoras? O problema é que essa corrida raramente leva à linha de chegada. O excesso de confiança e a crença de que é possível superar o mercado constantemente fazem com que decisões simples e eficazes sejam deixadas de lado. A longo prazo, é essa busca por algo “melhor” que destrói o patrimônio, não as oscilações normais do mercado.
A ideia de que é preciso estar sempre fazendo algo para otimizar retornos é um dos maiores erros de investidores individuais e até mesmo de gestores experientes. Movimentar a carteira o tempo todo pode até dar a sensação de controle, mas, na prática, esse comportamento tende a gerar mais custos e tributações, reduzindo o resultado final. O curioso é que essa obsessão por “fazer algo” muitas vezes ignora o que realmente funciona: manter investimentos bem escolhidos e deixar o tempo fazer seu trabalho.
A história dos mercados já provou diversas vezes que a paciência é um fator determinante para o sucesso financeiro. A cada ciclo econômico, vemos investidores abandonando ativos promissores porque “não andam rápido o suficiente”, apenas para vê-los decolar depois. A necessidade de agir o tempo todo cria um paradoxo: ao tentar melhorar o desempenho, o investidor acaba sabotando sua própria estratégia.
Esse comportamento se reflete em uma estatística alarmante. Estudos mostram que investidores individuais consistentemente obtêm retornos inferiores aos próprios fundos nos quais investem. E por quê? Porque entram e saem no momento errado, convencidos de que podem prever o mercado. A ironia é que o simples ato de permanecer investido, sem interrupções constantes, já garantiria retornos significativamente melhores.
Folha Mercado
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A gestora Guepardo produziu um estudo que demonstra esse comportamento e que foi divulgado em sua Carta do terceiro trimestre de 2023. Ela avaliou que, nos quatro anos anteriores, teve 19.918 cotistas de plataformas de investimentos, mas vários resgataram. Nesse período, seu fundo teve retorno positivo e ganhou do Ibovespa em todos os anos. Entretanto, o resultado do estudo mostrou que os investidores que resgataram tiveram retorno médio anual de 7,4% e os que ficaram ganharam na média o equivalente a 23,3% ao ano.
A chave para evitar esse erro está em um conceito simples: reduzir a fricção. Quanto menos decisões impulsivas você tomar, menor será o impacto dos erros naturais do processo. Isso significa manter uma carteira estruturada, diversificada e alinhada com seus objetivos, sem sucumbir à tentação de mudanças constantes.
O verdadeiro segredo do sucesso nos investimentos não está em tentar prever o futuro ou fazer mudanças drásticas o tempo todo. Ele está na capacidade de resistir à vontade de agir quando não há necessidade. Quem domina essa arte constrói um patrimônio sólido ao longo do tempo. Afinal, nos investimentos, muitas vezes, fazer menos é o que leva ao melhor resultado.
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