Dona do TikTok planeja gastar US$ 12 bi em chips de IA – 23/01/2025 – Tec

A proprietária do TikTok, ByteDance, planeja gastar mais de US$ 12 bilhões em infraestrutura de IA (inteligência artificial) neste ano, apostando na tecnologia de ponta para um novo crescimento enquanto enfrenta pressão de Washington para vender o aplicativo nos Estados Unidos.

A empresa sediada em Pequim orçou 40 bilhões de yuans (US$ 5,5 bilhões) para adquirir chips de IA na China em 2025, disseram dois interlocutores familiarizados com os planos, o que dobraria o valor gasto no ano passado.

O grupo também planeja investir cerca de US$ 6,8 bilhões no exterior para desenvolver capacidades de treinamento de modelos fundamentais usando chips avançados da Nvidia.

Cerca de 60% dos pedidos domésticos de semicondutores da ByteDance seriam destinados a fornecedores chineses como Huawei e Cambricon, enquanto o restante seria gasto em chips da Nvidia que foram ajustados para se alinhar aos controles de exportação dos EUA, disseram os interlocutores.

Pequim deu orientações informais às empresas de tecnologia chinesas para comprar pelo menos 30% de seus chips de fornecedores do próprio país, acrescentaram.

Os US$ 6,8 bilhões em investimentos no exterior foram orçados para expandir a capacidade de computação de IA da ByteDance para treinamento de modelos.

Este investimento pode enfrentar desafios devido aos controles de exportação dos EUA recentemente ampliados, projetados para dificultar que empresas chinesas desenvolvam tecnologias sensíveis.

A pressão surge enquanto a ByteDance enfrenta desafios em seu principal negócio de mídia social. O TikTok restaurou o serviço para 170 milhões de usuários nos EUA no domingo, depois que o agora presidente Donald Trump disse que as empresas que distribuíam e hospedavam a plataforma não seriam responsabilizadas por violar a lei dos EUA que proibia o aplicativo de vídeo, a menos que fosse vendido.

Embora Trump tenha assinado uma ordem executiva na segunda-feira (20) para manter o TikTok aberto por 75 dias, ele disse que queria que uma empresa dos EUA tivesse 50% de propriedade do aplicativo de vídeo no futuro. O presidente disse que poderia “certamente” impor tarifas à China se rejeitasse um acordo.

Qualquer transação desse tipo poderia afetar os planos para uma futura oferta pública inicial da ByteDance, com a empresa se avaliando em US$ 300 bilhões durante um recente programa de recompra de ações.

A empresa elaborou seu enorme orçamento de compras para unidades de processamento gráfico (GPUs) em 2025 antes das recentes intervenções nos EUA.

A ByteDance, que sob a direção do fundador do grupo de tecnologia Zhang Yiming se tornou a líder na corrida de IA na China, está dobrando seus esforços para construir sua própria infraestrutura de IA para treinar seu modelo fundamental, bem como implementar funções de IA em suas várias plataformas.

Ela aumentou a capacidade de computação no sudeste da Ásia, particularmente na Malásia. Embora as empresas chinesas tenham sido proibidas de comprar chips da Nvidia fora dos EUA desde 2023, elas conseguiram garantir acesso aos chips por meio de acordos de aluguel com provedores de data centers de terceiros, disseram vários insiders da indústria.

Essa brecha foi fechada na semana passada pelo governo de Joe Biden, que emitiu novas regras exigindo que a identidade tanto do proprietário quanto do operador dos chips passe por um processo de revisão.

Embora Trump pudesse adotar uma postura diferente sobre os controles de exportação, as regulamentações —se implementadas à risca— tornariam as compras de chips da ByteDance no exterior mais difíceis do que nunca.

Ela fez grandes pedidos para aumentar a capacidade de IA no exterior este ano, como por meio de acordos de aluguel, disse um dos interlocutores. Isso deve ser suficiente para a maioria das necessidades da empresa em 2025, mas o que aconteceria depois disso permanecia incerto, acrescentou a pessoa.

O orçamento da ByteDance para compras de chips de IA no exterior foi anteriormente relatado pelo veículo de notícias The Information. Em resposta à reportagem do FT, a ByteDance disse: “As informações de fonte anônima sobre nosso plano estão incorretas.”

A ByteDance também enfrenta desafios de concorrentes locais com grandes recursos, como Baidu, Alibaba e Tencent, que estão investindo pesadamente em IA generativa. Junto com esses rivais, ela tem lançado modelos mais capazes e reduzido custos para desenvolvedores.

As empresas chinesas ainda precisam aumentar a capacidade dos data centers de IA no país para apoiar o uso de aplicativos de IA, mesmo depois que os modelos foram treinados.

A ByteDance planeja usar a maioria de seus chips de IA chineses —incluindo o Ascend da Huawei e o Cambricon— para tarefas de “inferência”, o cálculo realizado por grandes modelos de linguagem para gerar uma resposta a um comando.

A ByteDance lançou seu chatbot de IA Doubao em agosto de 2023 e o aplicativo de IA se tornou o aplicativo de IA mais popular da China, de acordo com o site de análise Aicpb.com.

Doubao, que significa “pufe” em chinês, tinha 71 milhões de usuários ativos mensais regulares em dezembro, em comparação com os 300 milhões de usuários ativos semanais globais da OpenAI.

A Nvidia registrou US$ 11,6 bilhões em receita da China, incluindo Hong Kong, ou cerca de 13% do total global, durante os primeiros três trimestres de 2024, de acordo com documentos da empresa.

A ByteDance é de longe o maior cliente da Nvidia na China. A controladora do TikTok só pode comprar chips menos avançados, como o H20 da Nvidia, para data centers chineses, uma versão especializada e menos poderosa de suas GPUs adaptada para se alinhar aos controles de exportação dos EUA.

Em 2024, ela encomendou cerca de 230 mil chips da Nvidia, principalmente H20s, de acordo com estimativas da consultoria de tecnologia Omdia. Isso se compara com 485 mil dos chips mais avançados “Hopper” comprados pela Microsoft no ano passado e os 224 mil adquiridos pela Meta.

Empresas de tecnologia em todo o mundo gastaram cerca de US$ 229 bilhões em servidores em 2024, de acordo com a Omdia, lideradas pelos US$ 31 bilhões em despesas de capital da Microsoft e os US$ 26 bilhões da Amazon.

Colaboraram Ryan McMorrow em Pequim e Demetri Sevastopulo em Washington