O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse neste domingo (9) que anunciará na segunda-feira (10) tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para os EUA, em outra grande escalada em sua revisão da política comercial do país.
Produtos semi-acabados de aço estão entre os principais produtos exportados pelo Brasil aos EUA, ao lado de petróleo bruto, produtos semi-acabados de ferro e aeronaves.
Segundo dados de 2023 do governo americano, o Canadá é o maior fornecedor de aço para os americanos, com 24% do total, seguido pelo México (14,6%) e o Brasil (14%, com 3,6 milhões de toneladas métricas).
Durante seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, mas depois concedeu a vários parceiros comerciais cotas isentas de impostos, incluindo Canadá, México, e Brasil.
O ex-presidente Joe Biden estendeu essas cotas para Reino Unido, Japão e União Europeia, e a utilização da capacidade das usinas siderúrgicas dos EUA tem caído nos últimos anos.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que as novas tarifas se somarão às taxas existentes sobre aço e alumínio.
Em coletiva de imprensa no Air Force One, avião oficial da Presidência dos EUA, Trump também disse que anunciará tarifas recíprocas para países que tarifam produtos dos EUA na terça ou quarta-feira que entrarão em vigor quase imediatamente.
Na sexta-feira (7), Trump disse que imporia “tarifas recíprocas” —elevando as taxas dos EUA para igualar as dos parceiros comerciais— sobre muitos países nesta semana. Ele não citou os países, mas as tarifas seriam impostas “para que sejamos tratados de forma igualitária com outros países”.
Reportagem da Folha mostrou que, a pedido do vice-presidente Geraldo Alckmin, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior elabora um mapeamento dos setores mais afetados pela guerra comercial deflagrada por Trump.
A estratégia dos gabinetes em Brasília que tratam de relações comerciais tem sido a de cautela e silêncio, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse publicamente mais de uma vez que o Brasil reagirá caso Trump imponha tarifas sobre os produtos brasileiros.
Entre os técnicos ouvidos, ninguém duvida que o Brasil poderá virar alvo de Trump em um segundo momento. A ordem agora é não atrair atenção para “não ser lembrado” pelo novo governo dos EUA.
Os setores de aço, máquinas e equipamentos, carne e combustíveis estão na lista dos que podem ser mais prejudicados. O Brasil exporta petróleo bruto aos EUA e importa petróleo refinado, além de ser muito dependente das empresas americanas de semicondutores.
Neste domingo, a China impôs tarifas em retaliação aos EUA que devem atingir cerca de US$ 14 bilhões (R$ 81,2 bilhões) em mercadorias americanas.
Pequim anunciou as tarifas na semana passada em resposta a uma decisão dos EUA de impor uma taxa adicional de 10% sobre produtos chineses, que o presidente Donald Trump chamou de “primeiro tiro” em uma nova ofensiva comercial contra a China.
A embaixada da China em Washington disse que as tarifas entraram em vigor à 0h01 de segunda-feira (10) em Pequim, 11h01 de domingo em Washington.
Os mercados financeiros inicialmente esperavam que Trump pudesse seguir o mesmo roteiro com a China como fez com o Canadá e o México —contra os quais também anunciou tarifas, mas depois deu um mês de trégua após negociações de última hora com seus líderes.
Trump sugeriu que falaria com o líder chinês Xi Jinping, mas depois disse que não tinha “pressa”.
Com Reuters e Financial Times