A Accenture eliminou metas globais de diversidade e inclusão após uma “avaliação” do cenário político dos Estados Unidos, tornando-se a mais recente grande empresa a abandonar ações de DEI (sigla para diversidade e inclusão) desde a eleição de Donald Trump.
Um memorando para os funcionários da diretora executiva Julie Sweet afirmou que o grupo de consultoria, listado em Nova York, começaria a “encerrar” as metas de diversidade estabelecidas em 2017, bem como programas de desenvolvimento de carreira para “pessoas de grupos demográficos específicos”.
Sweet disse no memorando de quinta-feira (6) que a mudança seguiu uma “avaliação de nossas políticas e práticas internas e do cenário em evolução nos EUA, incluindo recentes Ordens Executivas com as quais devemos cumprir”.
A Accenture, que emprega 799 mil pessoas ao redor do mundo, junta-se a outros gigantes na direção de acabar com programas de diversidade, equidade e inclusão em resposta ao novo clima político instaurado desde a eleição de Trump.
Outras empresas, como Costco e JPMorgan Chase, reafirmaram seu compromisso, enquanto algumas estão reavaliando suas políticas de inclusão para a era Trump.
O presidente dos EUA tem sido altamente crítico do que ele chama de “absurdo absoluto” das medidas “discriminatórias” de DEI.
Ele assinou uma série de ordens executivas cortando programas federais de DEI quando assumiu o cargo no mês passado, aproveitando uma veia de cansaço corporativo em relação às metas de diversidade.
Em 2017, a Accenture estabeleceu a meta de que metade de seus funcionários seriam mulheres até o final de 2025. Também estabeleceu a meta de que 25% de seus diretores-gerentes fossem mulheres até 2020, uma meta que mais tarde foi atualizada para 30% até 2025. Na época, 41% de seus funcionários e 21% dos diretores-gerentes eram mulheres.
O grupo também estabeleceu metas para a representação de minorias étnicas em sua força de trabalho em alguns países, como EUA e Reino Unido.
Sweet, que assumiu a liderança da Accenture em 2019, já se manifestou anteriormente sobre diversidade.
Em uma entrevista publicada no canal da Accenture no YouTube em 2020, Sweet falou sobre a importância de um ambiente de trabalho diversificado. Na ocasião, ela disse que comprometer-se com a diversidade era a “coisa certa a fazer” e que a Accenture responsabilizaria os líderes por cumprir “metas claras”.
Em um relatório publicado pela empresa naquele ano e coautorado por Sweet, ela foi descrita como uma “líder” em diversidade e inclusão.
O relatório dizia: “O progresso (em DEI) simplesmente não é rápido o suficiente. Por que as empresas não são mais diversas e inclusivas, quando o argumento comercial a favor de uma cultura de igualdade se fortalece a cada ano? E por que a participação de mulheres em posições de liderança ainda é tão baixa?”
No comunicado desta semana, que revoga as metas de DEI, Sweet disse que elas não seriam mais usadas para medir o desempenho dos funcionários e também anunciou uma pausa no envio de dados para pesquisas externas de benchmarking de diversidade.
O grupo também “avaliaria” outras parcerias externas sobre o tema “como parte da renovação de nossa estratégia de talentos”, acrescentou.
“Somos e sempre fomos uma meritocracia”, escreveu Sweet no memorando, ecoando a promessa de Trump de descartar políticas de DEI em favor de “uma sociedade… baseada no mérito”.
O comunicado disse que as metas de diversidade do grupo haviam sido “amplamente alcançadas” e acrescentou que a Accenture construiria um ambiente de trabalho “inclusivo”, “livre de preconceitos” e com “igualdade de oportunidades”.
A Accenture se recusou a comentar.